O Grupo de Estudos Críticos para as Relações Etnicorraciais (GECRE/CNPq) & Academia Mineira de Letras realizaram o I Colóquio Encruzilhadas Culturais: estéticas e subjetividades com o objetivo de vivenciar uma caminhada pelas encruzilhadas entre cultura, estética e identidade, com um olhar atento às perspectivas do Sul Global.
Este evento propôs diálogos que desafiram os padrões estéticos hegemônicos e celebraram a diversidade das expressões culturais dos povos historicamente marginalizados. Exploramos como as subjetividades são moldadas pela colonialidade do poder e do saber, refletindo sobre como os ideais estéticos dominantes influenciam nossa visão de beleza, cultura e sociedade. Ao abordar essas questões, convocamos todos a participar ativamente deste movimento de resistência decolonial, valorizando as vozes e expressões artísticas que rompem com as imposições eurocêntricas.
Sob o mote do questionamento: "Pode o subalterno criar estéticas?" as falas fizeram uma releitura crítica do clássico questionamento de Gayatri Spivak em "Pode o Subalterno Falar?" ao explorar as possibilidades e os limites da criação estética por sujeitos historicamente subalternizados, como negros e indígenas.
Mesa 1 - 19h00 às 20h15
Na primeira plenária, o foco foi a perspectiva masculina sobre as encruzilhadas entre arte, corpo e masculinidade dentro da criação estética afro-brasileira, especialmente quando atravessada pela estética religiosa. Prof. Dr. Seu João Xavier, escritor e pesquisador, Mestre em Linguística Aplicada pela UFMG e Doutor em Estudos de Linguagens pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) dialogaou; com:
Pai Ricardo, mestre professor da Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG; Camilo Gan, Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Formação Brasileira e Internacional de Capelania e pela Ordem dos Capelões do Brasil;
Marcone Santos, Mestre em Biologia Celular (ICB/UFMG) & Mestre em Educação das Relações Étnico-raciais (FaE/UFMG);
Alan Rodrigues é coordenador Operacional do Centro Cultural Galpão Cine Horto e aluno do curso livre de teatro na mesma instituição. Membro titular do Comitê de Salvaguarda do Teatro, ator, iluminador, pesquisador, cerimonialista e palestrante,
Nesta conversa, analisaram como essas expressões são utilizadas como formas de resistência cultural e afirmação identitária. Com base no questionamento "Pode o subalterno criar estéticas?", a plenária abordou como os homens negro-brasileiro utilizaram suas criações artísticas para desafiar a colonialidade, dialogando com conceitos como a "violência epistêmica" de Gayatri Spivak. Foi explorado como essas estéticas religiosas, por meio de rituais, arte sacra, vestuário e outras expressões culturais, rompem com a invisibilização histórica, ao mesmo tempo em que reafirmam subjetividades masculinas e espirituais que resistem às imposições da estética eurocêntrica. A mediação foi feita por Gabriel Souza, Ativista e Articulador Político do Movimento Negro, Co-idealizador do Selo Akoma Ntoso e coordenador da primeira Carta de Compromisso com a Juventude Negra de BH e Região. Integrante da Comissão de Psicologia Étnico-Racial do CRPMG.
Mesa 2 - 20h45 às 22h00
A segunda plenária trouxe o olhar feminino para as discussões estéticas, com um foco especial nos atravessamentos entre autoestima, corpo e criação estética nas diversas expressões culturais. Elas compartilharam como a estética é uma ferramenta poderosa de resistência, especialmente para as mulheres negras e indígenas.
A Profª. Marinês Oliveira, Filósofa e Advogada (Mestra em Educação Universidade de Campinas e Doutoranda em Filosofia pela Universidade Federal do ABC;
Maryh Benedita, bacharela em Fashion Design pela Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia;
Aline Profeta, CEO do Estúdio Aline Profeta Afro e idealizadora do Troféu Trancista Referência 2023 em Belo Horizonte.
Essa plenária examinou como as mulheres, ao criar estéticas que valorizam suas culturas e corpos, enfrentam as normas eurocêntricas que tentam controlar suas identidades e autoestima. O conceito de "violência epistêmica" foi revisitado sob a ótica de gênero, e discutido como essas mulheres ressignificam a arte, a moda, e as produções culturais como formas de luta contra a opressão, celebrando suas subjetividades e reconfigurando o espaço da arte como um local de emancipação e expressão autêntica.
Data: 22 de novembro de 2024
Local: Academia Mineira de Letras – Rua da Bahia, 1466, Lourdes, Belo Horizonte, MG – 30160-011
Público-alvo: Pesquisadores, educadores, artistas e todos interessados em cultura e estética.